Quando os hóspedes de um hotel são personagens da história portuguesa em diversas épocas.
«Um hotel é um mundo pequeno feito à imagem do outro maior. Nós garantimos que a escala permaneça justa, sem nada aumentar ou reduzir. Não nos peçam para corrigir o que vai torto ou torcer o que anda certo. Servimos os nossos hóspedes e damos-lhes a importância que merecem, ou que podem pagar. O resto pertence à justiça ou à igreja, não somos juízes nem padres. Somos artífices do detalhe e da memória, e não nos peçam mais.»
Num grande hotel, as paredes têm ouvidos e os espelhos já viram muitos rostos ao longo dos anos: homens e mulheres de passagem, buscando ou fugindo de alguma coisa, que procuram um sentido para os dias. Num quarto pode começar uma história de amor ou terminar um casamento, pode inventar-se uma utopia ou lembrar-se a perna perdida numa guerra, pode investigar-se um caso de adultério ou cometer-se um crime de sangue.
Em três épocas diferentes, entre guerras que passaram e outras que hão-de vir, as personagens de Se Eu Fosse Chão – diplomatas, políticos, viúvos, recém-casados, crianças, actores, prostitutas, assassinos e até alguns fantasmas – contam histórias a quem as queira escutar.
Nuno Camarneiro nasceu na Figueira da Foz em 1977. Licenciou-se em Engenharia Física pela Univ. de Coimbra, trabalhou no CERN e doutorou-se em Ciência Aplicada ao Património Cultural pela Univ. de Florença. Actualmente desenvolve a sua investigação na Univ. de Aveiro e é docente no Dept. de Ciências da Educação e do Património da Uni. Portucalense. Em 2011 publicou o seu primeiro romance, No Meu Peito Não Cabem Pássaros, saudado pela crítica, publicado também no Brasil e em França. Foi o primeiro autor escolhido pela B.M. de Oeiras para participar no Festival do Primeiro Romance de Chambéry, em França. Publicou um texto na prestigiada Nouvelle Revue Française na rubrica Un mot d’ailleurs e tem diversos contos em revistas nacionais e estrangeiras. Em 2012 venceu o Prémio Leya com o romance Debaixo de Algum Céu, já traduzido em italiano e brevemente em francês. Mantém, desde 2009, o blogue Acordar um Dia, no qual tem vindo a publicar a sua poesia e micronarrativa.